As
mídias participam da construção dos sujeitos pela proporção na qual é inserida
no cotidiano dos mesmos. Propagandas cercam as pessoas, induzem, seduzem. Todo
o cuidado é pouco perante um comercial considerado banal aos olhos de quem não
os estuda. Folders com anúncios como “Saiba tudo sobre o mundo da informática e
ainda ganhe uma bicicleta fazendo sua matrícula” distorcem a percepção do
individuo, fazendo-o pensar que está realmente ganhando a bicicleta quando na
verdade está pagando em prestações pequenas ao decorrer do curso.
A população em geral é
tão induzida por estes meios de comunicação social que não percebem o quanto tornam-se
vulneráveis diante deles, pessoas justificam suas compras excessivas com frases
como: “compro, pois me sinto melhor”; “gastei todo meu dinheiro de tanta raiva
que estava do meu (minha) namorado (a)”; “adquiri um sapato novo para diminuir
o estresse vivido no trabalho”; etc., como se este vício de querer sempre mais acabasse
com algum tipo de dor, angustia ou estresse. Não pensamos isso sozinhos, não foi a toa que
alguém creu que ir ao shopping diminuiria dores emocionais. A mídia nos levou a
pensar assim mostrando pessoas felizes e sorridentes dentro de lojas, pessoas
contentes ao realizarem a compra.
Analisemos a propaganda
da Bombril, o interlocutor fala diretamente com as mulheres “minha querida dona de casa”, excluindo a
probabilidade de ser um homem a usar o produto. Comerciais deste tipo geram
preconceito, insinuando que a mulher deve lavar a louça e cuidar da casa.
Devemos prestar atenção
também ao endereçamento a qual os comerciais são direcionados e a questão dos
horários, é tudo esquematizado. Pela manhã em canal aberto temos “Mais Você” com receitas de culinária (endereçamento:
donas de casa, cozinheiras); logo após desenho animado (crianças; horário em que
estão acordando); jornal do almoço, momento em que a família está reunida;
enfim, uma série de programas que aglomeram os espectadores certos. Por que
jogos de futebol são passados a noite? Pois é o horário que os homens encontram-se
em casa, e a maioria das pessoas que assistem ao futebol são os homens. Simples,
basta que pensemos. As produções são baseadas nos horários em que o público
alvo está em casa.
A partir de reflexões,
estamos certos de que desenvolver conceitos midiáticos nas escolas tem
fundamental importância. Questionar crianças e jovens sobre as tarefas de casa
e habilidades, pedir que desenhe os afazeres de meninos e as de meninas e
discutir sobre pode ser um ótimo exercício. Construir um pensamento critico,
abordando perguntas como: por que menina lava louça e menino não, se menino tem
as mesmas condições física que a menina. Por que o sexo masculino é considerado
melhor que o feminino em direção de automóveis se é provado que os acidentes
tem mais envolvimento com homens do que com mulheres, e diversas outras
perguntas que faça com que os alunos pensem a respeito desta problematização.